segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Bola da Vida

A Bola da Vida

Hoje lembrei-me das minhas primeiras bolas de cautchu. Castanhas, cor de couro, em que, de vez em quando, passávamos uma pomada para a proteger. Foi atrás de uma bola que eu dei os meus primeiros passos. Não fui sequer bom jogador...era sim esforçado.

As bolas eram um bem precioso. Tínhamos o cuidado de, quando a bola era nova, não jogarmos com ela em pisos mais agressivos. Felizmente, em criança, vivia rodeado de relva. Éramos muitas crianças e poucas bolas.

A minha mãe sempre preocupada comigo porque eu não conseguia não andar esfolado. Já nem quero sequer mencionar os ténis que destruíamos num ápice.

Em criança sempre andávamos a jogar à bola ou a fazer outras travessuras. No caso da bola era claro o objectivo (s), correr atrás dela, de marcar golos, de ganhar os jogos, se ser dos primeiros a ser escolhido para as equipes, etc. Começamos ai a formular os nossos primeiros Objectivos. Ganhar, jogar em equipa, a ajudar-nos.

Sinto hoje em dia, nos adultos, uma falta de objectivos a atingir. E não são apenas as circunstâncias da crise. Não se preocupam nada com a “Bola da Vida”. Há ainda a acrescentar uma camada grande de jovens adultos sem motivação absolutamente nenhuma.

Preocupo-me ainda mais com as crianças que não têm a oportunidade de ter uma “Bola da Vida”. Pouco ou nada convivem fora da escola, pouco ou nada saem de casa. Muito menos saírem sozinhos.

Estas palavras vão para os meus amiguinhos do Clube de Rugby São Miguel que eu treino e faço por ajudar a arranjarem uma “Bola da Vida”. Mas vão, sobretudo a dois amiguinhos muito especiais, Ana e Alberto, que eu estou também a incentivar a criarem
a sua “Bola da Vida”.

À Ana, ao Alberto e a todas as crianças que eu ajudo a treinar no São Miguel, vai o meu afecto, carinho e obrigado por me ajudarem a correr atrás da minha “Bola da Vida”.