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sábado, 19 de julho de 2014

Lisboa em palavras e imagens - 11

Pelo Tejo Vai-se para o Mundo

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América

E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XX"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Tema(s): Natureza  Portugal  Ler outros poemas de Alberto Caeiro

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Lisboa em palavras e imagens - 4


LisboaLisboa com suas casas 
De várias cores, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores... 
À força de diferente, isto é monótono. 
Como à força de sentir, fico só a pensar. 

Se, de noite, deitado mas desperto, 
Na lucidez inútil de não poder dormir, 
Quero imaginar qualquer coisa 
E surge sempre outra (porque há sono, 
E, porque há sono, um bocado de sonho), 
Quero alongar a vista com que imagino 
Por grandes palmares fantásticos, 
Mas não vejo mais, 
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras, 
Que Lisboa com suas casas 
De várias cores. 

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa. 
A força de monótono, é diferente. 
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo. 

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo, 
Lisboa com suas casas 
De várias cores. 

Álvaro de Campos, in "Poemas" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva (Pessoa)

 

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

domingo, 14 de outubro de 2012

Aula de inovação de Fernando Pessoa



Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos
que nos levam sempre aos mesmos lugares.


É o tempo da travessia
e se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado para sempre
à margem de nós mesmos.

FERNANDO PESSOA

Também há coisas boas - 14


Também há coisas boas - 14

Hoje faço uma edição internacional. Não por desejo...por falta de assunto nacional.

Partido antipedófilo nas eleições da Lituânia. Uma nova formação de nome Via Coragem que pretende lutar contra a corrupção e a injustiça. Dá para fazer uma franquia?

Parece que o Assis vai assinar um contrato do relançamento mundial do novo Clio Limusine.

Rodrigo Costa Félix tem uma das 12 melhores baladas a ouvir em 2012. Chama-se "Amigo Aprendiz". É um poema de Pessoa.

Quando os amigos da Net se materializam. Ontem conheci o Antônio Caldeira, advogado lusopaulista. Ajudou-me num projecto que não seguiu em frente mas, mantivemos sempre contacto. Agora anda por Lisboa em passeio.

Artigo no El País, "Piensa Positivo". Diz que apenas uma em cada três pessoas   conhece os seus pontos fortes. Dá que pensar.